A ideia acaba de ser proposta por cientistas brasileiros na "Physical Review Letters", principal revista científica de física do planeta. "É uma chance de estudar parte de um fenômeno tão exótico quanto um buraco negro com a ajuda de um líquido que você poderia ter na sua sala", afirma Gastão Krein, do Instituto de Física Teórica da Unesp, que assina o estudo com dois colegas.
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Em ambos os casos, o que se vê é, grosso modo, matéria e energia espremidas num espaço minúsculo, menos do que microscópico.
Num contexto como esse, coisas estranhas começariam a acontecer, a começar pela violação de uma lei aparentemente fundamental do Cosmos: o limite da velocidade da luz.
"Numa situação como a de um buraco negro, espera-se que a velocidade da luz passe a variar de forma aleatória, mas o complicado é demonstrar isso matematicamente", diz Krein.
E se trata de algo impossível de observar diretamente, já que, conforme o próprio nome diz, buracos negros são objetos da qual nenhuma luz escapa, e o infeliz que tentasse chegar perto deles viraria pasta de partículas elementares, amassado pela imensa gravidade desses corpos celestes. É aí que entra o copo de leite.
"Ou melhor, provavelmente um fluido um pouco mais complexo, com micropartículas metálicas, por exemplo, embora o leite sirva para ilustrar de que tipo de líquido falamos", conta Krein.
No novo estudo, os físicos brasileiros mostram que ondas de som se propagando por essa forma de líquido --como analogia com as ondas de luz-- teriam um comportamento parecido com o que acontece em um ambiente de buraco negro. A velocidade das ondas de som também varia aleatoriamente, tal como se supõe que ocorra perto de buracos negros.
"Manipularíamos as características desse líquido em laboratório e, dessa forma, aprenderíamos algo sobre o que acontece nos buracos negros ou sobre como se deu o Big Bang", diz Krein. O grupo está em busca de físicos experimentais que topem o desafio de fazer isso.
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