segunda-feira, 28 de março de 2011

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

RESUMO
O objetivo deste trabalho é descrever como a rede Walmart, que já sofreu tantas críticas pelo mundo em função de seu padrão de relacionamento com empregados, fornecedores e concorrentes, vem implementando seu programa de sustentabilidade, por meio da ecoeficiência, e que resultados vêm obtendo. A relevância deste trabalho se justifica pela aceleração da degradação ambiental, decorrente dos padrões de produção e de consumo e da visão antropocêntrica, que considera a natureza como fonte inesgotável de recursos. Dessa situação depreende-se a urgência de toda a sociedade perceber a importância da preservação ambiental. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para estimular outras empresas, independentemente do porte e do segmento, a refletir sobre a sua responsabilidade e compreender a importância de articular a preservação ambiental com a estratégia empresarial de modo a criar valor tanto para a sociedade, quanto para os negócios,contribuindo de forma eficaz para a qualidade de vida atual e futura. O referencial teórico está alicerçado nos temas Desenvolvimento Sustentável, com foco na Sustentabilidade Ambiental, e Estratégia Empresarial. Os temas se interligam no esforço de lançar luz sobre a questão estudada. Quanto aos aspectos metodológicos, trata-se de um Estudo de Caso pelo método qualitativo, construído a partir de dados coletados por meio de pesquisa bibliográfica e telematizada, entrevista semiestruturada e observação direta. Como resultado da pesquisa, concluiu-se que a implementação do programa de sustentabilidade do Walmart Brasil, trouxe à rede benefícios tangíveis, mas, principalmente, representou benefícios intangíveis, pelo reconhecimento das ações voltadas para a sustentabilidade e a melhoria da sua reputação.

REFERENCIAL TEÓRICO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A expressão Desenvolvimento Sustentável tornou-se pública em 1987, quando o relatório Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED), definiu-o como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. Esse relatório alertou para a importância do comprometimento das nações nabusca de equilíbrio entre o crescimento econômico, as relações com meio ambiente e a sociedade nos empreendimentos humanos. A integração dessas três dimensões resultaria no Desenvolvimento Sustentável, como ilustra a Figura 1.


Entre as recomendações do relatório constava a criação de uma declaração universal de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável, que pudesse orientar as nações na transição para um desenvolvimento sustentável. 

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
O conceito de Sustentabilidade Ambiental, introduzido, em 1987 pela World Commission on Environment and Development (WCED), refere-se às condições segundo as quais, “em nível regional e planetário, as atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu capital natural, que será transmitido às gerações futuras.” (MANZINI e VEZZOLI, 2005, p. 27).
Resiliência, neste contexto, significa a capacidade da Terra de resistir à ação do Homem sem sair, irreversivelmente, da sua condição de equilíbrio. Isto significa que a atividade humana tem limites, que ao serem ultrapassados, provocam fenômenos irreversíveis. Para não ultrapassar esse limite, as atividades humanas devem basear-se, fundamentalmente, em recursos renováveis, otimizar o emprego dos recursos não-renováveis e não gerar resíduos que o ecossistema não seja capaz de absorver.
Segundo a Avaliação Ecossistêmica do Milênio - AEM (2005), apud CEBDS (2006), o capital natural, que consiste no conjunto de serviços ambientais ou benefícios que os seres humanos obtêm da natureza e que são produzidos pelas interações que ocorrem nos ecossistemas, está bastante comprometido. Estes serviços são classificados em essenciais à sobrevivência humana (alimentos, fibras, água doce, controle de erosão, controle de clima, controle de poluição, retenção de sedimentos e transportes, ciclo de nutrientes, madeira, lenha, controle de enchentes, controle de doenças, sequestro de carbono, controle de clima local, medicamentos, controle de pragas, biocombustíveis, controle da qualidade do ar, controle da água, combustíveis, processamento de resíduos e proteção contra tempestades e tsunamis), e em propiciadores de bem-estar (lazer, ecoturismo, valores estéticos, valores espirituais, herança cultural e educação).

GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL
A Gestão Ambiental Empresarial é fruto da necessidade do surgimento de um ambiente de negócios mais consciente e capaz de disponibilizar a população produtos e serviços desenvolvidos por meio de processos que preservem o meio ambiente, pois considerando a continuação da tendência atual, a perda do capital natural, vai impactar, em um futuro próximo, as condições de atuação das empresas.
A busca de soluções para os problemas ambientais exige, então, que empresários assumam uma nova postura, passando a considerar o meio ambiente em suas decisões. Essa atitude não é apenas fruto de despertar de consciência, mas principalmente, das pressões exercidas pelos governos, pela sociedade e pelo mercado, reciprocamente.
A avaliação das interações de uma organização com o meio ambiente permite buscar a melhoria dos processos, de modo a minimizar os impactos ambientais. Para isso é importante que a empresa conheça os aspectos e os impactos ambientais relacionados às suas atividades. Os aspectos ambientais consistem nos “elementos das atividades, produtos e serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente”, já os impactos correspondem a “qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização” (NBR ISO 14001, 2004)

ECOEFICIÊNCIA
A ecoeficiência surgiu da necessidade de apresentar uma proposta de atuação para o meio empresarial na ocasião da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro. De acordo com o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)
[...] a ecoeficiência é alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduz progressivamente o impacto ambiental e o consumo de recursos ao longo do ciclo de vida, a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada da Terra. (WBCSD apud VINHA, 2003, p.177).
Segundo a Rede Brasileira de Ecoeficiência (2009), fundada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), filiado à rede do WBCSD, os elementos básicos da ecoeficiência são: 
- redução da quantidade de material utilizado nos bens e serviços;
- redução da intensidade de energia utilizada nos bens e serviços;
- redução da dispersão de material tóxico;
- apoio à reciclagem;
- maximização do uso sustentável dos recursos naturais;
- extensão da durabilidade dos produtos;
- aumento do nível de bens e serviços.
A ecoeficiência baseia-se na ideia de que a redução de materiais e energia por unidade de produto ou serviço aumenta a competitividade da empresa, ao mesmo tempo em que reduz as pressões sobre o meio ambiente, seja como fonte de recurso, seja como depósito de resíduos. (BARBIERI, 2007). Isto significa que as empresas podem melhorar seu desempenho econômico e ambiental através da redução da entrada de materiais, água e energia, por unidade de produção. O uso mais racional dos recursos produtivos impacta a competitividade, criando, na prática, a conciliação entre a preservação ambiental e a atividade econômica.
Almeida (2005) lembra que uma empresa, para ser ecoeficiente, precisa respeitar a resiliência do sistema natural na qual se insere. “Ignorar a resiliência do sistema natural em que opera e no qual interfere é um risco mortal para a empresa [...]. O uso excessivo do recurso natural rompe o equilíbrio do sistema ambiental e social e quebra o sistema econômico.” (ALMEIDA, 2005, p. 137). A capacidade de carga do planeta não pode ser ultrapassada sem que ocorram catástrofes ambientais. Como essa capacidade de carga é desconhecida, é preciso adotar uma postura de precaução.
Para a Rede Brasileira de Ecoeficiência os benefícios da ecoeficiência são:
a) redução de custos pela otimização do uso de materiais e energia, processos mais
eficientes e redução da disposição de resíduos;
b) produtos desenvolvidos através de processos inovadores e criativos;
c) abertura de novos mercados;
d) melhoria da imagem da organização e/ou marca;
e) incremento da fidelidade de clientes;
f) atração de financiamento e investimento, particularmente de instituições
conscientes;
g) melhoria do nível de motivação dos empregados;
h) redução de riscos;
i) melhoria das comunicações internas e externas.




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